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Afinal, também ganhei a São Silvestre!

21/01/2011

Sou um apaixonado por corridas e sempre que posso me aventuro nelas. Sou fisioterapeuta da maior e melhor equipe de atletismo do Brasil há nove anos. Isso conta para que essa prática fique cada vez mais constante. Sem falar que corrida vicia! Tenho o privilégio de acompanhar nossos heróis em competições mundo afora e treinar para correr provas onde eles são estrelas e eu um mero e felicíssimo participante.

Após correr a meia Maratona do Rio e definir com minha mulher, Deca, que não viajaríamos no réveillon, surgiu a ideia de treinar para a prova mais charmosa, tradicional e antiga do atletismo brasileiro. Eu, meu cunhado Carlinhos, minha cunhada Renatinha e nosso querido Tio Dé resolvemos enfrentar a empreitada e, durante os três meses que antecederam a São Silvestre, nos dedicamos aos treinos.

É claro que tive o privilégio de receber – e absorver – algumas lições das dicas da querida amiga Fabiana Cristine, dizendo para eu me poupar e não me empolgar nos três primeiros quilômetros, de subida, para não pagar caro na frente… Nem precisei me poupar – o pangaré aqui não larga na elite e, saindo na pipoca, eu só comecei a correr depois do quarto quilômetro. Mas valeu a dica, Fabi!

Ouvi o até então bi e agora tricampeão da prova, MEU amigo Marílson Gomes dos Santos dizer que pior que a Brigadeiro era a subida de uma ponte que viria do km 8 para o km 9. E não é à toa que o homem ganhou três vezes essa prova… Nesta subida, achei que desistiria. Valeu, Magrão, pela dica! Também teve dica do famoso Maninho, um dos caras que me motivam a correr e, ao mesmo tempo, me sacaneiam. “Digão, a tática é a seguinte, sai forte e chega mais forte ainda.” Valeu pela dica!

Eu, Carlinhos, Renatinha e Tio Dé em plena Paulista. Quem vejo? A ‘figuraça’ da Simone Alves, correndo em direção ao Sesi para levar uma pulseirinha para o Adauto. Fomos com ela. Encontramos Ricardo D’Angelo, Ricardo Diegues e Evandro Lazari. Batemos papo sobre reabilitação de atletas e a prova.

Fomos para a largada. Às 16h30 saiu a elite feminina. Minha adrenalina só aumentava, chegava a nossa hora. Foi dada a largada e, enquanto a elite masculina acelerava lá na frente, eu mal tinha saído do lugar – 14 minutos depois passei pela linha de largada. O Marilsão já desfilava seu talento pelas ruas de São Paulo, lá pelos 5 quilômetros, enquanto eu dava o primeiro passo na Paulista. Para dobrar à direita na Rua da Consolação, levei exatos 7 minutos. Isso quer dizer que o Magrão já percorria mais da metade da prova e eu mal cruzava o primeiro quilômetro.

Comecei a correr no meu ritmo, do 3º para o 4º quilômetro. E até o fim fui brigando com o relógio para tentar completar os 15 km no tempo que eu havia estipulado entre 1h25min e 1h35min. Eu estava no km 7 quando, mesmo com o Ipod ligado em alto volume, comecei a escutar a galera gritando “Marílson!”. Tirei o fone de um dos ouvidos e comecei a curtir a emoção da torcida brasileira por este MONSTRO do atletismo. Confesso que os braços ficaram arrepiados e as lágrimas vieram aos meus olhos. Emoção de ouvir o nome do Magrão sendo ovacionado pelo público.

Naquele momento, eu, que sempre estou tão perto dele nos treinamentos e tratamentos, estava tão longe… Ainda faltava metade da prova e ele já estourava o champanhe. Isso me deu vontade de correr mais rápido para, quem sabe, chegar no tempo que eu havia estipulado. E, com sorte, encontrá-lo para um abraço de parabéns.

Posso dizer que minha meta foi cumprida, cruzei a linha de chegada em 1h26min12. A premiação já havia acabado, mas, conversando com um aventureiro como eu, fiquei sabendo que a querida Simoninha, que estava antes da largada batendo papo comigo, havia sido a segunda colocada, a melhor brasileira…. Mais emoção!

Após os quatro patetas terem completado o desafio dos 15 km, retornamos para casa, querendo publicar no jornal nossa conquista. Ao abrir a internet, percebi que o feito dos nossos heróis eram mais do que eu imaginava: Marílson, a menos de 1 minuto do recorde da prova e o tri na mão em homenagem ao Miguelzinho, que já pinta na área. E a baianinha arretada da Simone, a melhor brasileira das 86 edições da prova. Eita mulher porreta!

Parabéns Magrão, Simone, Maninho, Cabelo, Fabi, Cruz e – por que não? – Rodrigo, Carlinhos, Renatinha e Tio Dé. Afinal, nós também vencemos a São Silvestre.

Que 2011 seja um ano de muito mais conquistas para todos, poucas lesões e muito recordes….

Rodrigo Iglesias
Fisioterapeuta

8 Comentários leave one →
  1. 21/01/2011 10:00 pm

    Parabéns, Rodrigo & Cia… encarar a São Silvestre e vencê-la (como não?!) exige aplausos.

    ps.: Rss… o post ficou divertidíssimo!!

  2. Sara Santos permalink
    21/01/2011 10:59 pm

    Hahaha…você é um brincalhão Rodrigo,agora eu entendi como vc perdeu a pança…rsrs

    Parabéns!! Você foi corajoso, porque eu não me atrevo a correr nem 1 km rsrsrs.

    Beijos**

  3. Jose Golpe Iglesiasd permalink
    22/01/2011 5:51 pm

    Que ben, o nosso primo deixando a família Iglesias por todo o alto, noraboa dende Pontevedra primo.

  4. daniel neves permalink
    23/01/2011 11:55 pm

    Rodrigo,
    Prometeu e fez bonito. Parabéns! Agora qual é a próxima? Maratona?
    abç dneves

  5. Doro Jr. permalink
    27/01/2011 5:13 pm

    Rodrigo, sensacional seu depoimento. O texto está excelente e traduz bem a emoção da vitória do quarteto que chegou com 1h26min. Mande novos textos para o Papo de Pista …

  6. Ricardo Diegues permalink
    27/01/2011 6:21 pm

    Rodrigo,

    Parabéns, é muito emocionante ler seu relato sobre sua participação nesta corrida.
    Agora é levar mais alguns da equipe médica a participar das provas.

    Até a próxima competição!

    Ricardo Diegues.

  7. Sara Santos permalink
    31/01/2011 2:37 pm

    Ah ja que o Ricardo deu a idéia, bem que você poderia levar o Elson pra correr, o que você acha? E eu sou a favor de levar não só o Elson e a equipe médica, mas também mais alguns técnicos…rsrsrs
    O que você acha?

    Sara 🙂

  8. Érica permalink
    03/02/2011 11:23 pm

    Nossa, Rodrigo, fiquei emocionadíssima com esse seu depoimento!!! São essas simples coisas, ou melhor, simples momentos que nos fortalecem!!! 🙂

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